Um dia por vez

Hoje farei a penúltima quimio. Estou mega cansada por causa da fadiga, com muita dor no corpo e com o saco muuuuuito cheio. Quero voltar a trabalhar, ver gente, sambar até amanhecer, passear no parque com a Flor.

Ontem tive a oportunidade de ler uma reportagem incrível sobre a Talia Joy Castellano. Uma garotinha de 12 anos, com câncer terminal e que ensina truques de maquiagem. Ela diz que a maquiagem é a sua peruca... :) 

http://revistaglamour.globo.com/Beleza/noticia/2012/08/inspiracao-em-make-paciente-de-cancer-de-12-anos-ensina-truques-de-maquiagem.html?fb_action_ids=3685624975265&fb_action_types=og.likes&fb_source=hovercard 

Leio a reportagem e me sinto uma cretina. Horrível fazer comparações, mas faz refletir sobre a pequenez de espírito de muitas pessoas.

Já senti raiva, conformismo (sentimento que odeio), luto, autopiedade... por outro lado, também senti que meus melhores remédios foram o bom humor, o otimismo e, sem dúvida alguma, o amor da minha família, amigos e de alguns não tão amigos, mas que foram extremamente solidários à situação.

Morri no dia em que recebi o diagnóstico. Fui expulsa da minha vida. O que veio depois foi a nova Sandra. É impressionante a mudança de valores que ocorre após o baque do diagnóstico de uma doença que pode ser fatal. Hoje vivo com mais leveza e a tendência é que isso se torne ainda mais forte quando retomar minhas atividades normais. Lindo o ditado para “viver como se fosse o último dia”, mas o mais verdadeiro para mim é “um dia por vez”. Fui obrigada a praticar a paciência como se fosse uma lavagem cerebral.

Mesmo sabendo que os efeitos ainda permanecerão por um tempo, o simples fato de finalizar as quimios já faz com que o ânimo se renove. Alívio! Voltarei insuportável para a minha vida!!! Ninguém me segura!!!